O desenvolvimento de jogos digitais educativos por parte da Kendir Studios não é nem rápido nem simples. E há razões muito óbvias para tal acontecer. O nosso principal objetivo é assegurar a melhor qualidade educativa das ferramentas possível.
Para isso, exploramos diversas teorias educacionais para garantir que as arquiteturas de jogo são desenhadas com base em princípios com os quais concordamos e existe consenso universal sobre a sua importância para o desenvolvimento dos estudantes.
TEORIA HUMANISTA E DESENHO HUMANIZADO
A teoria humanista de ensino considera principal o conceito de focar a experiência de aprendizagem no aluno, por oposição ao modelo tradicional de transmissão de conhecimento por parte de um professor. Ao invés, relega para segundo plano os resultados e foca-se na criação de experiências de aquisição de conhecimento impactantes, experienciais, e baseadas em processos. Atualmente, é considerada a teoria educativa de eleição pela UNESCO.
Os seus princípios orientadores são:
Escolha do estudante - Escolha é chave, permite encorajar o aluno a efetuar escolhas, dá-lhe autonomia e confiança para escolher o nível de foco e dedicação que dão a cada tema.
Auto-motivação - Quanto mais e mais imersivos os fatores de motivação intrínseca, mais inspirados e eficientes serão os alunos no processo de aprendizagem.
Auto-avaliação - O estudante deve, dentro da sua possibilidade, obter feedback construtivo, imediato e oportunidades para tentar novamente, ao ritmo definido por ele.
Ambiente seguro de aprendizagem - Estudantes devem sentir que, mentalmente, fisicamente e emocionalmente, estão seguros de forma a poderem focar-se na aprendizagem.
Relacionar emoção e conhecimento - A ligação emocional do estudante ao conhecimento adquirido permite a melhoria dos níveis de foco e as taxas de retenção de conhecimento.
Por esse motivo, é considerada boa prática a implementação, dentro de qualquer sistema de informação digital, de um desenho humanizado.

Para tal, é necessário dividir o processo de desenvolvimento em 3 fases:
Inspiração - Em educação, significa assegurar a produção do tipo adequado de soluções e mecanismos educativos para o grupo-alvo. Significa compreender os desafios, objetivos e desejos dos alunos de cada ano letivo. Significa, acima de tudo, garantir que não desenvolvemos jogos baseados no que achamos ser ideal, mas no que os estudantes querem e precisam. Desta forma, construímos soluções educativas reais, centradas nas suas realidades e vidas e desta forma os estudantes serão empáticos para com os desafios dos jogos, mais motivados e determinados a ultrapassá-los.
Ideação - Cada mecanismo de jogo e momento de aprendizagem deve ser desenvolvido sob as aprendizagens e inspiração obtidos na primeira fase e através de interações continuadas com os estudantes, obtendo o máximo de feedback possível.
Implementação - Colocação desta dinâmica em prática através do desenvolvimento dos jogos em cinco versões distintas: prototipagem, mvp, alfa, beta e final. Tecnicamente, isto significa que as iterações com os alunos nunca terminam, gerando continuamente feedback positivo e negativo que depois será usado em versões futuras do jogo e de outros jogos desenvolvidos.
CONSTRUCTIVISMO

Há várias características que tornam os jogos digitais uma das mais promissoras ferramentas educativas. Mas uma particularmente relevante é a capacidade de construção de conhecimento.
Construtivismo, uma teoria que originou da epistemologia, considera a aprendizagem através da construção de conhecimento e baseada nas experiências prévias do estudante.
Esta visão assume que os estudantes tomam um papel ativo no processo de aprendizagem e a aquisição de conhecimento é feita através da interação com o mundo, pelas experiências e resolução de problemas reais.
A aprendizagem é também vista como uma atividade social, algo que é feito através de interações, ao invés de conceitos abstratos.
CONSTRUIR OS JOGOS DIGITAIS CERTOS
Até agora, os professores tinham dificuldades na implementação destas teorias em sala de aula, e em ensino remoto ainda menos. Limitações de tempo, orçamento e currículo tornam as imagens de estudantes ativamente a aprender meras miragens.
Mas é aqui que os jogos digitais podem ajudar mais. Ao desenvolvermos experiências baseadas nessas teorias e, fazendo pleno uso da flexibilidade e capacidade das arquiteturas digitais e mecanismos existentes podemos construir experiências que:
Colocam estudantes em simulações da vida real e cenários credíveis dentro de ambientes digitais seguros.
Criam objetos, instrumentos, ferramentas e cenários com os quais os estudantes trabalham e interagem, incluindo ambientes completamente customizáveis.
Introdução de momentos de aprendizagem contextualizados em narrativas, dando aos estudantes enquadramento emocional e humanizado através de personagens com diálogo e feedback
Humanizado.
Escolhas ramificadas para permitir aos estudantes diferentes caminhos para o mesmo objetivo educacional, tornando-os agentes ativos nas suas próprias histórias de aprendizagem.
Criação de progressão dentro dos seus trajetos, de forma a que possam construir com base em experiências prévias.

Este artigo é parte integrante do White Paper a ser publicado brevemente, em conjunto com o lançamento de Liber Domus para o ano letivo de 2022/2023. Este jogo, o primeiro do seu género, coloca em prática tudo o que será discutido nesta série.
Podem acompanhar mais sobre o nosso trabalho durante as próximas semanas bem como as várias melhorias e funcionalidades adicionadas a Liber Domus subscrevendo a nossa newsletter.